Vimos no post anterior que a Internet de comportamento é uma das principais tendências tecnológicas para o ano de 2021. Como falamos anteriormente, na “internet of behavior”, os dados podem vir de diversas fontes e conforme mais e mais dados se tornam disponíveis, a IoB os vai capturando e armazenando. Apesar de ser considerada uma grande tendência tecnológica, os frutos da IoB na vida das pessoas geram uma certa polêmica.

A Internet de comportamento está ligada também à Internet das Coisas (IoT), e a interconexão de dispositivos que resulta em uma grande variedade de novas fontes de dados. Esses dados podem ser específicos para você como cliente – dados que você forneceu por meio do aplicativo de uma empresa. Mas, com mais frequência, as empresas estão coletando informações de não clientes, “compartilhando” entre dispositivos conectados.

Um único dispositivo, como um smartphone, pode rastrear seus movimentos online, bem como sua posição geográfica em tempo real. Não é difícil para as empresas vincularem seu smartphone ao laptop, ao assistente de voz em casa, às câmeras da casa ou do carro e talvez aos registros do seu celular (mensagens de texto e ligações). Consequentemente, as empresas podem saber muito mais sobre você – seus interesses, desgostos, a forma como você vota e a forma como você compra.

Finalidades da Internet de comportamento e pontos positivos

Além de coletar esses dados para tentar entender -e, até prever – nossos gostos e futuras compras, a IoB pode fornecer outras informações importantes para as empresas que a empregam:

  • As organizações podem testar a eficácia de suas campanhas, tanto comerciais quanto sem fins lucrativos;
  • Os provedores de saúde podem medir os esforços e engajamento dos pacientes:
  • Os legisladores podem até personalizar conteúdos, afetando as leis e os programas atuais.

Conforme as empresas aprendem mais sobre nós ( através da IoT), elas podem afetar nossos comportamentos (a IoB). Considere um aplicativo de saúde em seu smartphone que monitore sua dieta, padrões de sono, frequência cardíaca ou níveis de açúcar no sangue. O aplicativo pode alertá-lo sobre situações adversas e sugerir modificações de comportamento para um resultado mais positivo ou desejado, por exemplo.

Pontos negativos e polêmicos da IoB

O consumidor pode se sentir lesado ao perceber que o estudo e análise de seus dados estão fazendo as empresas entregarem apenas um tipo de informação, produto ou marca. Como assim?

Bem, muitas vezes essa tecnologia pode levar as empresas à usarem essas informações para venderem apenas um tipo de produto ou ideia, que já é de sua preferência. Isso pode ser positivo se pensarmos que facilita muito o acesso às coisas que nos interessam, mas também pode ser perigoso por colocar os cidadãos em bolhas.

Conforme seus dados vão sendo apurados e compreendidos, a informação que você recebe de volta será sempre dentro de uma mesma lógica ou ideal, inclusive em casos políticos. Como mencionado acima, a internet de comportamento também interessa a legisladores ou políticos, que facilmente podem acessar como determinada ideia ou política é aceita – ou não – em um local específico. Por isso, vivemos em uma era na qual as fake news são um problema tão grande.

O algoritmo não sabe distinguir o que é certo do que é errado, ou seja, não sabe o que é fake ou não. Assim, se uma notícia é muito consumida e procurada por um determinado grupo de pessoas, ele trata de enviar mais conteúdos afins, independente de serem conteúdos baseados em fatos ou não. Dessa forma, diversos grupos, que compartilham daquela ideia, passam a receber apenas aquele tipo de estímulo e notícia, se mantendo em uma bolha e compartilhando mais e mais conteúdos do tipo.

Além disso, a privacidade dos dados diante dessa tecnologia é fortemente discutida. Tudo isso porque os dados de comportamento podem permitir que cibercriminosos acessem dados confidenciais e os coletem e vendem para outros criminosos. Eles podem fazer isso através com códigos de acesso de propriedade hackeados, rotas de entrega e até mesmo códigos de acesso a bancos.

No entanto, é mais provável que eles possam levar o phishing a um novo nível e se passarem por indivíduos para fins de fraude, por exemplo. A rápida expansão da rede de dispositivos IoT significa que novos protocolos de segurança cibernética devem ser desenvolvidos, bem como as empresas precisam estar cada vez mais vigilantes e proativas.

Por esse motivo, qualquer empresa que opte por adotar uma abordagem IoB para suas estratégias precisa ter certeza de que possui uma estratégia de segurança cibernética robusta para proteger todos os dados confidenciais!

Amanda Borba